Parabéns pela capacidade de síntese e coerência !
O fruticultor Wagner Jucá, aponta o caminho
Nos últimos
anos a citricultura em São Paulo reduziu sua área de 600.000 ha para 500.00
ha, perdendo 1000.000 ha de área plantada.
Esta perda
deveu-se a doenças e pragas de difícil e caro combate, sendo que em
determinados casos o próprio Governo Estadual, por força de Lei, obrigasse sua
erradicação. Outros fatos que contribuíram foi a redução de consumo
internacional, formação de estoques e consequente queda nos preços.
O algodão,
nos últimos anos, teve perda de área de 30% nos principais Estados produtores,
principalmente em Mato Grosso e Bahia. O motivo foi
simplesmente excesso de estoque no mercado interno e externo e queda no valor
de comercialização.
O Estado do
Ceará no final da década de 80 perdeu 100% de sua área de algodão devida a
praga do bicudo, dizimando uma área aproximada de 300.000 ha de algodão mocó de
fibra longa que gerava emprego e renda em praticamente todas as regiões do
Estado. Esta atividade dava suporte a pecuária extensiva fornecendo rama e
resíduo para sua alimentação.
As diferenças:
Em São Paulo
os 100.000 ha perdidos foram imediatamente substituídos por outras culturas,
principalmente a cana de açúcar. No caso do
algodão em Mato Grosso e na Bahia entre outros Estados a cultura foi trocada
por soja e milho, que no momento estão com maior liquidez e rentabilidade no
mercado.
No Ceará, já
se passaram 30 anos e até hoje não se conseguiu substituir a cultura de algodão
por outra. Foi uma perda que dizimou 300.000 ha de agricultura e parque Fabril
presente em todas as regiões, gerando um prejuízo que nunca mais foi
recuperado.
Nos outros
Estados quando se perde uma cultura imediatamente se planta outra, mantendo a
atividade econômica e o homem no campo. No Ceará desaparece uma cultura e não
se encontra uma substituta, criando um vácuo e êxodo rural.
Agora estamos
passivamente assistindo a morte dos nossos Cajueirais, que representam 400.000
ha de área plantada e que é a única cultura no mundo que ano a ano perde sua
produtividade se transformando em uma atividade extrativista com baixíssima
renda para seus proprietários, grandes, médios e pequenos.
Mas de cem
mil empregos serão extintos no campo. Para se ter uma ideia desta degradação
desta cultura, das 32 industrias de beneficiamento de amêndoas que existiam só
restam funcionando 4 ou 5, mesmo assim com grande ociosidade e com parte da
matéria prima importada da África.
Então temos
desemprego no campo e na cidade no setor industrial. Para criar
uma renda extra, os produtores vendiam a poda para as cerâmicas e padarias,
hoje já estão vendendo o próprio cajueiro, comprometendo as futuras safras.
Acreditamos
que com a criação da subcomissão de caju Cultura da Assembleia Estadual do
Ceará, cujo presidente é o Deputado Manoel Duca e a criação da ASCAJU –
ASSOCIAÇÃO DOS CAJUCULTORES DO CEARÁ, sob a presidência do agrônomo Francisco
José de Souza ( Franzé) possa reverter esta situação com objetividade, metas
estabelecidas, com a presença indispensável da Federação da Agricultura sob a
liderança do agrônomo Flavio Saboia e a indispensável participação do Governo
Estadual que hoje contempla o declínio desta cultura. Temos que
retornar ao produtor a geração de renda através da domesticação da cultura do
cajueiro que poderá produzir em qualquer época do ano como a manga, goiaba, uva
e outras frutas.
Temos que
perseguir altas produtividades através de análise de solo e foliar que indiquem
a melhor adubação procurando atingir o potencial genético da cultura.
Temos que
aproveitar o pedúnculo, que representa mais ou menos 90% do peso da produção em
produtos já bastante conhecidos tais como: Sucos, Polpas, Cajuína, Mel de Caju,
Doce de Caju e Doce de Castanha (canjirão) entre outros. Temos que
substituir os plantios velhos, improdutivos por novos cajueirais, plantados com
clones selecionados utilizando todas as técnicas agrícolas disponíveis tais
como adubação, controle de pragas e doenças...
Temos que
transformar uma atividade extrativista em uma que gere renda e transforme a cajucultura
em um bom negocio e quando chegar a esta situação dependerá menos de apoio
governamental.
Temos que tratar
o cajueiro como uma cultura nobre levando-a aos perímetros públicos e privados
de irrigação.
Encerramos
com uma pergunta:
Não encontramos substituto para o algodão (perdemos 300.000ha)
será que encontraremos alguma cultura para substituir o cajueiro?
Autor: Wagner Jucá - Fruticultor