quarta-feira, 4 de abril de 2012

Castanha-de-caju: Panorama Nacional






O cultivo do caju é feito em vários Estados do Brasil. No entanto, a sua importância socioeconômica se destaca na Região Nordeste, que conta com a cajucultura como uma atividade de grande influência relativamente para geração de renda e sustentabilidade da atividade, com destaque para os Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, maiores produtores nacionais e responsáveis em anos de clima e produção normal por cerca de 90% da produção brasileira de castanha-de-caju in natura. Essa atividade responde pela geração de trabalho (mão-de-obra/empregos temporários) e renda nas zonas rural e urbana para mais de 200 mil pessoas/ano/safra. 

Outra característica da cajucultura a considerar diz respeito à diversidade de produtos oriundos da castanha-de-caju in natura e do pedúnculo. Da castanha (fruto), após o processamento obtêm-se a amêndoa da castanha-de-caju (ACC) e o líquido da casca da castanha-de-caju (LCC). Já o pseudofruto (ou pedúnculo) proporciona a obtenção dos mais variados produtos destinados à alimentação, tanto humana quanto animal.

Por causa das condições climáticas desfavoráveis a safra brasileira de castanha-de-caju 2010/2011 apresentou perdas significativas, sobretudo nos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. A produção daquele ano/safra atingiu 104.342 toneladas de castanha, representando 52,6% de quebra em relação à produção obtida no ano/safra 2009/2010. Enquanto que na safra 2011/2012 - 100% já colhida, houve ligeira recuperação da produção em relação aos anos normais de safra. Isso devido ao aumento da produtividade dos cajueiros. Mesmo assim, houve perda na produção desse ano/safra por causa das chuvas irregulares e incidência de doenças nos cajueirais. 

O Estado do Ceará se destaca como o maior produtor de castanha-de-caju in natura, sendo responsável por mais de 50% da produção nacional. Processa 75% do volume total beneficiado por todos os Estados Nordestinos. Além disso, é o maior exportador de amêndoas do Brasil, alternando entre o primeiro e o segundo principal produto da pauta de exportação daquele Estado. Os portos de Pecém e de Fortaleza - CE são responsáveis por mais de 96% das exportações brasileiras de amêndoas/ano. Em 2011, esses portos exportaram 23.534 toneladas de amêndoas, representando o valor US$ 201.406 mil/FOB.

Dados do setor indicam que a capacidade instalada das indústrias de processamento de castanha na Região Nordeste está estimada em 306,5 mil toneladas ano. O Ceará detém 75% dessa estrutura, ou seja, pode beneficiar até 230 mil toneladas, das quais 140 mil no município de Fortaleza, onde se concentra o maior parque industrial. A produção nacional de castanha de caju in natura ainda é insuficiente para atender à capacidade de processamento/beneficiamento de amêndoas. Constata-se pelos dados a seguir que há ociosidade no parque industrial, fato que favorece a possibilidade de investimentos em aumento de produtividade (produção e beneficiamento) da castanha brasileira:

a) produção média anual (últimos 11 anos): 183.045 toneladas;
b) capacidade de beneficiamento:                306.500 toneladas;
c) déficit de produção:                                  123.457 toneladas.


Estudos técnicos feitos pelo setor e referendados pela Embrapa-CE apontam que em torno de 85% da produção nacional de castanha-de-caju in natura é oriunda de áreas plantadas com o cajueiro comum de porte alto (tradicional), apresentando baixa produtividade em função da idade avançada e uso do manejo inadequado. O cajueiro em sua maioria é cultivado em regime de sequeiro e por pequenos produtores, o que demonstra a relevância da cultura para a manutenção da mão-de-obra e a fixação do homem no campo, já que a sua produção ocorre no período de entressafra das demais culturas.

Em que pese a grande importância da cajucultura para efeito da sustentabilidade socioeconômica da região, a cadeia produtiva do caju ainda sente falta de um sistema eficiente de articulação. O setor continua enfrentando uma grande crise com origens estruturais e conjunturais. A ausência de uma política visando à intensificação de um sistema de organização e cooperativismo leva os produtores rurais a entregar a castanha antecipada ao atravessador a preços pré-estabelecidos, por não terem escala de produção.  

A logística da operação de comercialização da castanha-de-caju in natura inicia entre o produtor e os comerciantes intermediários a partir do começo da colheita da safra (de outubro a janeiro do ano seguinte). Podendo, ainda, a compra ser feita antes da colheita da safra, com o repasse do adiantamento dos recursos. Os intermediários comercializam com as indústrias praticamente no mesmo período, e ainda na entressafra, já que estes costumam formar estoques para vendas especulativas. O fluxo para as principais transações comerciais para a castanha de caju passa, obrigatoriamente, pelo processo de intermediação, ou seja, a indústria contrata o intermediário (comprador de castanha ou agente) e este, repassa o valor da negociação ao produtor, auferindo suas comissões. 

Além disso, há necessidade de investimentos em tecnologias, sobretudo no plantio de clones mais produtivos e substituição de copas, já que a maioria dos pomares tem mais de 30 anos, contribuindo para a baixa produtividade. Exige-se melhoria na capacitação dos produtores, visando oferecer um produto de melhor qualidade, principalmente quanto à classificação, já que a maioria deles não observa a tipificação (1 e 2) da castanha-de-caju in natura, preferindo a comercialização junto aos atravessadores e às indústrias pelo sistema de bica corrida, ficando sujeitos à aplicação de deságios nos preços do produto, principalmente quando há ausência de padrões das castanhas. 

Observa-se que a produtividade brasileira ainda é baixa em relação aos países concorrentes como Vietnã, Nigéria e Índia. Mesmo assim, pesquisadores nacionais acreditam que existe grande possibilidade de reversão dessa situação com a ampliação da atividade com manejo adequado e investimentos em tecnologia.

Tradicionalmente, quando há redução da oferta de castanha-de-caju in natura por causa da frustração de safra, as indústrias brasileiras recorrem à importação da matéria-prima. Foi o caso da safra brasileira de 2010/2011, considerada como o pior dos últimos 12 anos, quando as indústrias tiveram que suplantar o abastecimento com a importação de castanha-de-caju in natura dos países africanos.

Fonte: Portal Mercado Aberto (Clique Aqui!)

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