O cultivo do caju é feito em
vários Estados do Brasil. No entanto, a sua importância
socioeconômica se destaca na Região Nordeste, que conta com a
cajucultura como uma atividade de grande influência relativamente
para geração de renda e sustentabilidade da atividade, com destaque
para os Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, maiores
produtores nacionais e responsáveis em anos de clima e produção
normal por cerca de 90% da produção brasileira de castanha-de-caju
in natura. Essa atividade responde pela geração de trabalho
(mão-de-obra/empregos temporários) e renda nas zonas rural e urbana
para mais de 200 mil pessoas/ano/safra.
Outra característica da
cajucultura a considerar diz respeito à diversidade de produtos
oriundos da castanha-de-caju in natura e do pedúnculo. Da castanha
(fruto), após o processamento obtêm-se a amêndoa da
castanha-de-caju (ACC) e o líquido da casca da castanha-de-caju
(LCC). Já o pseudofruto (ou pedúnculo) proporciona a obtenção dos
mais variados produtos destinados à alimentação, tanto humana
quanto animal.
Por causa das condições
climáticas desfavoráveis a safra brasileira de castanha-de-caju
2010/2011 apresentou perdas significativas, sobretudo nos Estados do
Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. A produção daquele ano/safra
atingiu 104.342 toneladas de castanha, representando 52,6% de quebra
em relação à produção obtida no ano/safra 2009/2010. Enquanto
que na safra 2011/2012 - 100% já colhida, houve ligeira recuperação
da produção em relação aos anos normais de safra. Isso devido ao
aumento da produtividade dos cajueiros. Mesmo assim, houve perda na
produção desse ano/safra por causa das chuvas irregulares e
incidência de doenças nos cajueirais.
O Estado do Ceará se destaca como
o maior produtor de castanha-de-caju in natura, sendo responsável
por mais de 50% da produção nacional. Processa 75% do volume total
beneficiado por todos os Estados Nordestinos. Além disso, é o maior
exportador de amêndoas do Brasil, alternando entre o primeiro e o
segundo principal produto da pauta de exportação daquele Estado. Os
portos de Pecém e de Fortaleza - CE são responsáveis por mais de
96% das exportações brasileiras de amêndoas/ano. Em 2011, esses
portos exportaram 23.534 toneladas de amêndoas, representando o
valor US$ 201.406 mil/FOB.
Dados do setor indicam que a
capacidade instalada das indústrias de processamento de castanha na
Região Nordeste está estimada em 306,5 mil toneladas ano. O Ceará
detém 75% dessa estrutura, ou seja, pode beneficiar até 230 mil
toneladas, das quais 140 mil no município de Fortaleza, onde se
concentra o maior parque industrial. A produção nacional de
castanha de caju in natura ainda é insuficiente para atender à
capacidade de processamento/beneficiamento de amêndoas. Constata-se
pelos dados a seguir que há ociosidade no parque industrial, fato
que favorece a possibilidade de investimentos em aumento de
produtividade (produção e beneficiamento) da castanha brasileira:
b) capacidade de beneficiamento: 306.500 toneladas;
c) déficit de produção: 123.457 toneladas.
Estudos técnicos feitos pelo
setor e referendados pela Embrapa-CE apontam que em torno de 85% da
produção nacional de castanha-de-caju in natura é oriunda de áreas
plantadas com o cajueiro comum de porte alto (tradicional),
apresentando baixa produtividade em função da idade avançada e uso
do manejo inadequado. O cajueiro em sua maioria é cultivado em
regime de sequeiro e por pequenos produtores, o que demonstra a
relevância da cultura para a manutenção da mão-de-obra e a
fixação do homem no campo, já que a sua produção ocorre no
período de entressafra das demais culturas.
Em que pese a grande importância
da cajucultura para efeito da sustentabilidade socioeconômica da
região, a cadeia produtiva do caju ainda sente falta de um sistema
eficiente de articulação. O setor continua enfrentando uma grande
crise com origens estruturais e conjunturais. A ausência de uma
política visando à intensificação de um sistema de organização
e cooperativismo leva os produtores rurais a entregar a castanha
antecipada ao atravessador a preços pré-estabelecidos, por não
terem escala de produção.
A logística da operação de
comercialização da castanha-de-caju in natura inicia entre o
produtor e os comerciantes intermediários a partir do começo da
colheita da safra (de outubro a janeiro do ano seguinte). Podendo,
ainda, a compra ser feita antes da colheita da safra, com o repasse
do adiantamento dos recursos. Os intermediários comercializam com as
indústrias praticamente no mesmo período, e ainda na entressafra,
já que estes costumam formar estoques para vendas especulativas. O
fluxo para as principais transações comerciais para a castanha de
caju passa, obrigatoriamente, pelo processo de intermediação, ou
seja, a indústria contrata o intermediário (comprador de castanha
ou agente) e este, repassa o valor da negociação ao produtor,
auferindo suas comissões.
Além disso, há necessidade de
investimentos em tecnologias, sobretudo no plantio de clones mais
produtivos e substituição de copas, já que a maioria dos pomares
tem mais de 30 anos, contribuindo para a baixa produtividade.
Exige-se melhoria na capacitação dos produtores, visando oferecer
um produto de melhor qualidade, principalmente quanto à
classificação, já que a maioria deles não observa a tipificação
(1 e 2) da castanha-de-caju in natura, preferindo a comercialização
junto aos atravessadores e às indústrias pelo sistema de bica
corrida, ficando sujeitos à aplicação de deságios nos preços do
produto, principalmente quando há ausência de padrões das
castanhas.
Observa-se que a produtividade
brasileira ainda é baixa em relação aos países concorrentes como
Vietnã, Nigéria e Índia. Mesmo assim, pesquisadores nacionais
acreditam que existe grande possibilidade de reversão dessa situação
com a ampliação da atividade com manejo adequado e investimentos em
tecnologia.
Tradicionalmente, quando há
redução da oferta de castanha-de-caju in natura por causa da
frustração de safra, as indústrias brasileiras recorrem à
importação da matéria-prima. Foi o caso da safra brasileira de
2010/2011, considerada como o pior dos últimos 12 anos, quando as
indústrias tiveram que suplantar o abastecimento com a importação
de castanha-de-caju in natura dos países africanos.
Fonte:
Portal Mercado Aberto (Clique
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