ÁFRICA | 06.01.2012
Moçambique iniciou esta semana a comercialização e exportação de castanha do caju, em bruto, perante a frustração dos sindicatos que insistem que o país lucraria mais se exportasse amêndoa processada para os mercados internacionais. Moçambique espera atingir este ano cerca de 112 mil toneladas de castanha do caju.
Moçambique já foi um dos maiores produtores mundiais de castanha de caju em bruto e um dos maiores exportadores de amêndoa processada. Porém, a partir de meados dos anos 70, a produção e a qualidade baixaram em consequência de vários constrangimentos. Na década de 90 a rápida liberalização resultou num colapso do setor de processamento.
A nível mundial, o país é atualmente um médio produtor, comparativamente com a Índia, Brasil e Vietname que dominam o mercado.
Alguns operadores moçambicanos abandonaram o negócio desta matéria-prima por entenderem que existe concorrência desleal por parte dos importadores estrangeiros.
Escassez de produto
Venda de caju num mercado informal, em MaputoEm Moçambique existem atualmente 22 unidades de processamento de castanha de caju. Cerca de metade interrompeu a atividade devido à falta de matéria-prima.
O setor emprega, em 2012, cerca de oito mil trabalhadores que atualmente vivem dias de incerteza já que os principais compradores – Índia e Tanzânia – adquirem a castanha em bruto, a preços mais altos, aos produtores-apanhadores moçambicanos.
O secretário-geral do Sindicato Nacional da Indústria de Caju, Boaventura Mondlhane, diz que as fábricas estão confrontadas com falta de matéria-prima de qualidade.
“Os industriais deveriam receber a castanha antes de serem definidas as exportações. A prioridade deveria ser o abastecimento à indústria para depois os excedentes serem exportados. O que está a acontecer é que a castanha é disputada pelos exportadores e pelos industriais. A castanha de pior qualidade é a que fica no país”, afirmou.
Produtores criticam
Caju antes de ser processado por torrefaçãoAbdul Gany, proprietário da Casa Gany de Manjacaze, desistiu do negócio por incapacidade para competir com os países que importam castanha de caju de Moçambique. “Ao contrário de nós – disse – os importadores não pagam nada às finanças. O preço que eles praticam é muito alto e não nos compensa fazer concorrência com eles."
Contrariamente, a diretora-geral do Instituto do Caju (INCAJU), Filomena Muaiopue, garante que há castanha suficiente para a indústria de processamento e que a atual intervenção de operadores estrangeiros na exportação da matéria-prima em bruto tem sido salutar.
Mais apoios estatais
A extração da amêndoa da castanha de caju depois de seca, é um processo que exige tempo, método e mão-de-obra“Os produtores, em vez de terem o produto parado, estão a comercializar de uma forma informal, mas nós temos equipas técnicas a trabalhar com as alfândegas no sentido de confirmar as quantidades saídas e não estamos a cobrar nenhuma taxa.”
O Sindicato Nacional da Industria do Caju acredita que esta situação pode melhorar se o governo adotar medidas para a proteção da indústria nacional.
Segundo Boaventura Mondlhane, “a castanha de caju é um produto que vai acrescentar valor" ao PIB moçambicano. “Para que os produtores nacionais sejam beneficiados – acrescentou – é necessário que o governo aprove medidas de apoio à industrialização e à modernização do setor, criando melhores condições de trabalho para os industriais.
Autor: Ezequiel Mavota (Maputo)/Pedro Varanda de Castro
Edição: António Rocha
Edição: António Rocha
Fonte: Do Centro da Europa (Clique Aqui!)
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