Veja o que o Sr. Raimundo Nonato Soares, Cajucultor conhecido, dizia em 2009 e repete hoje. Assim dá para entender sua decepção e angústia !
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Andreh Jonathas enviado a Aracatiandreh@opovo.com.br
São 72 anos de vida, 30 deles dedicados ao cultivo de caju. Mas o estímulo para continuar no ramo minguou. Raimundo Nonato Soares, 72, é produtor de Aracati e representa a queixa geral de quem planta para colher fruto e pedúnculo, nem sempre rentáveis. Filhos de pais agricultores, Nonato nem precisou ser graduado para saber tratar o caju.
São 72 anos de vida, 30 deles dedicados ao cultivo de caju. Mas o estímulo para continuar no ramo minguou. Raimundo Nonato Soares, 72, é produtor de Aracati e representa a queixa geral de quem planta para colher fruto e pedúnculo, nem sempre rentáveis. Filhos de pais agricultores, Nonato nem precisou ser graduado para saber tratar o caju.
Raimundo Nonato Soares em um raro momento de descontração |
``Só a prática mesmo. Achei que seria um ramo muito bom``, diz. Mas as coisas mudaram nos últimos anos e os negócios não estão bem para ele. ``A situação do produtor está difícil. Ultimamente a castanha não vale mais nada. Da maneira que vai, tem muita gente abandonando os pomares``, afirma ao O POVO.
E assim, mesmo sem conhecimento científico, ele explica o que aconteceu este ano para os produtores.
``O caju já foi uma das economias boas do Ceará. Se produzia e se dava para ganhar alguma coisa. O cajueiro não gosta muito de chuva. Só no período certo. Este ano, choveu muito e queimou muita flor``, explica. O resultado de uma sequencia de anos inconstantes na cultura do caju é, como ele classifica, ``trabalhar no vermelho``.
``Aí não dá mais``, lamenta Nonato,
que afirmar ser o maior produtor ``pessoa física`` da região. Possui duas propriedades, de 1,8 mil hectares (ha) e 700 ha. Para continuar cultivando, só se melhorar o preço pago pela indústria, diz.
``A castanha deveria ser, pelo menos, R$ 2 (o quilo). Estou pensando em mudar de ramo. Estou começando a pensar, talvez venda a terra ou plante melão``, afirma, desanimado.
A explanação simples e sincera de Nonato é sustentada pelo presidente do Sindicato dos Produtores de Caju do Ceará (Sincaju), Paulo de Tarso Meyer. ``A situação da cajucultura no estado do Ceará é extremamente preocupante. Além da baixa produtividade dos nossos pomares, há ainda a questão da desvalorização do dólar, fazendo com que o preço pago ao produtor não seja satisfatório, não cobrindo nem os custos``, afirma. O Sincaju diz que, nos municípios onde a produtividade está ``baixíssima`` ou há cajueiros inativos & como Aracati, Beberibe, Cascavel e Ocara &, está ocorrendo o corte do cajueiro para venda da lenha a olarias e padarias. No lugar, estão sendo plantados novos cajueiros para tentar salvar a lavoura, explica.
A indústria, por outro lado, sustenta um discurso otimista e não fala em decadência. ``Não diria crise. A demanda de mercado nacional e internacional existe. A safra está acontecendo, com atraso, mas está acontecendo. O que está havendo é uma reclamação do preço. Mas os produtores estão especulando demais``, defende o gerente comercial da Cascaju Agroindústria, Péricles Leandro Correia.
Conforme argumenta, o preço do quilo da castanha beneficiada está estável no mercado externo e as exportações melhoraram após terem sido afetadas negativamente pela crise financeira internacional. Contudo, Correia faz ressalvas: ``O que está afetando muito é o câmbio que está muito baixo. Consequentemente, a indústria não pode pagar um preço melhor para o produtor``, explica.
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