sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Vietnã quer estreitar laços comerciais com o Ceará, leia e tire suas conclusões!


O intercâmbio comercial entre o Vietnã e o Brasil tem melhorado nos últimos anos, mas o mesmo não acontece em relação ao nosso Estado, cuja pauta de exportação se resume a castanha de caju, fresca ou seca, sem casca

O Vietnã tem interesse em estreitar laços comerciais com o Ceará, primordialmente, nos setores de castanha de caju, camarão e frutas. A informação foi transmitida pelo embaixador daquele país no Brasil, Nguyen Van Huynh, durante reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), no último dia 8 de agosto. Participaram do encontro o vice-presidente para Assuntos Internacionais da FIEC, Roberto Macedo; Eduardo Bezerra Neto, superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN); o deputado federal Inácio Arruda (PCdoB) e empresários ligados ao setor da cajucultura.

De acordo com o embaixador, a relação comercial com o Brasil tem se intensificado nos últimos anos e o interesse tem aumentado. Ele exemplifica com a visita do presidente daquele país ao Brasil, em novembro de 2004. Mas se a relação com o nosso país tem melhorado, o mesmo não acontece quanto ao Ceará. Nesse sentido, Nguyen Van Huynh destacou a importância de sua vinda ao Estado. Ele disse que, em Fortaleza, manteve contatos com o governador Lúcio Alcântara, secretários estaduais e empresários.


O embaixador afirmou que existe uma gama de possibilidades comerciais a ser explorada entre o Ceará e seu país.  No caso da castanha de caju, o Vietnã é considerado um dos grandes exportadores mundiais, mas lhe falta tecnologia para aprimorar a produção.
A intenção daquele país é fazer parcerias com o Brasil nessa direção. No que diz respeito ao camarão e à lagosta, o Vietnã é o terceiro maior exportador do mundo, possui tecnologia avançada e pode colaborar com o Ceará nesse campo.


Nguyen também se mostrou interessado nos projetos de energia eólica desenvolvidos no Estado, ressaltando que essas experiências despertam atenção mundial em virtude dos problemas relacionados a fontes renováveis de energia. Outro ponto que chamou a atenção do embaixador foi na área cultural. Segundo ele, o Brasil possui uma bela música e é considerado uma potência mundial nos esportes, principalmente o futebol. “Queremos conhecer melhor isso”, acrescentou.


Roberto Macedo colocou a FIEC à disposição dos vietnamitas, a fim de aprofundar o intercâmbio, destacando a competência do CIN em promover contatos com parceiros internacionais. Já Eduardo Bezerra ressaltou que a efetivação de negócios resultará na troca entre a nossa tecnologia de produção da castanha de caju e a abertura do Vietnã ao ingresso de empresas cearenses. “O caju é apenas o primeiro elo entre os dois mercados. Outros setores também ganharão espaço no Vietnã”, aposta.


Resibras aguarda definição de regras
ACompanhia Brasileira de Resinas (Resibras), processadora de castanha de caju, sediada em Fortaleza, tem interesse em aumentar sua relação comercial com o Vietnã. Atualmente, a empresa já mantém parceria com aquele país na aquisição de castanha e óleo de caju, para atender seus clientes externos. De acordo com Antônio Lúcio Carneiro, proprietário da Resibras, a intenção é ampliar esse intercâmbio em outras commodities, como café.
Lúcio Carneiro, porém, afirma que será preciso que o Vietnã defina regras claras para que o intercâmbio possa ser elastecido. Hoje, o país não faz parte da Organização Mundial do Comércio (OMC), dificultando a garantia da adoção de regras internacionais de comércio. Uma das trocas que poderiam acontecer entre a Resibras e os vietnamitas é quanto à tecnologia no beneficiamento da castanha de caju. Apesar de ser o segundo maior produtor no mundo, eles não contam com tecnologia de ponta, diferente do Brasil.
O proprietário da Resibras afirma que a vinda do embaixador vietnamita ao Ceará foi um passo importante no sentido de se aprofundar o intercâmbio. Ele considera que foram abertos canais, com a FIEC e o governo do Estado, para que os entraves sejam superados. “No momento, estamos abrindo um canal diplomático, analisando o ambiente macroeconômico, a legislação vietnamita e buscando interessados em manter a posição de parceria permanente”, ressalta.

Exportações
As exportações cearenses para o Vietnã começaram apenas em 2002. Naquele ano, foram vendidos US$ 58.100, ficando o Estado, todavia, com saldo negativo na balança comercial de US$ 138.205. Nos dois anos seguintes, o Ceará não exportou nada para o Vietnã. De 2002, até agora, vendemos cerca de US$ 213 mil e importamos US$ 71 mil, o que indica saldo positivo de US$ 142 mil. Toda a nossa pauta se resume a castanha de caju, fresca ou seca, sem casca.
O Vietnã é o segundo no ranking mundial dos mercados produtores de castanha de caju, utilizando atualmente tecnologia do cajueiro anão precoce “importada do Brasil”, devendo processar 350 mil toneladas neste ano – 320 mil toneladas próprias e 30 mil importadas da Indonésia e da África. A liderança nesse mercado é da Índia, com 700 mil toneladas de castanha in natura, sendo 350 próprias e 350 importadas de países da África. No Brasil, terceiro colocado, a previsão é de 300 mil toneladas na safra que se inicia em setembro. 
“ Em torno de 80% do consumo mundial da amêndoa de castanha de caju fica nos Estados Unidos, mas existem vários mercados emergentes em condições de consumir o produto, caso do Oriente Médio, o mais promissor”, diz Eduardo Bezerra. De acordo com superintendente do CIN, o mercado em potencial do Vietnã é o mesmo do Brasil, “com a vantagem que eles estão mais perto”. 



Fonte: FIEC (Clique aqui !)

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