O intercâmbio comercial entre o Vietnã e o Brasil tem melhorado nos últimos anos, mas o mesmo não acontece em relação ao nosso Estado, cuja pauta de exportação se resume a castanha de caju, fresca ou seca, sem casca
O Vietnã tem interesse em estreitar laços comerciais com o Ceará, primordialmente, nos setores de castanha de caju, camarão e frutas. A informação foi transmitida pelo embaixador daquele país no Brasil, Nguyen Van Huynh, durante reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), no último dia 8 de agosto. Participaram do encontro o vice-presidente para Assuntos Internacionais da FIEC, Roberto Macedo; Eduardo Bezerra Neto, superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN); o deputado federal Inácio Arruda (PCdoB) e empresários ligados ao setor da cajucultura.
De acordo com o embaixador, a relação comercial com o Brasil tem se intensificado nos últimos anos e o interesse tem aumentado. Ele exemplifica com a visita do presidente daquele país ao Brasil, em novembro de 2004. Mas se a relação com o nosso país tem melhorado, o mesmo não acontece quanto ao Ceará. Nesse sentido, Nguyen Van Huynh destacou a importância de sua vinda ao Estado. Ele disse que, em Fortaleza, manteve contatos com o governador Lúcio Alcântara, secretários estaduais e empresários.
O embaixador afirmou que existe uma gama de possibilidades comerciais a ser explorada entre o Ceará e seu país. No caso da castanha de caju, o Vietnã é considerado um dos grandes exportadores mundiais, mas lhe falta tecnologia para aprimorar a produção.
A intenção daquele país é fazer parcerias com o Brasil nessa direção. No que diz respeito ao camarão e à lagosta, o Vietnã é o terceiro maior exportador do mundo, possui tecnologia avançada e pode colaborar com o Ceará nesse campo.
Nguyen também se mostrou interessado nos projetos de energia eólica desenvolvidos no Estado, ressaltando que essas experiências despertam atenção mundial em virtude dos problemas relacionados a fontes renováveis de energia. Outro ponto que chamou a atenção do embaixador foi na área cultural. Segundo ele, o Brasil possui uma bela música e é considerado uma potência mundial nos esportes, principalmente o futebol. “Queremos conhecer melhor isso”, acrescentou.
Roberto Macedo colocou a FIEC à disposição dos vietnamitas, a fim de aprofundar o intercâmbio, destacando a competência do CIN em promover contatos com parceiros internacionais. Já Eduardo Bezerra ressaltou que a efetivação de negócios resultará na troca entre a nossa tecnologia de produção da castanha de caju e a abertura do Vietnã ao ingresso de empresas cearenses. “O caju é apenas o primeiro elo entre os dois mercados. Outros setores também ganharão espaço no Vietnã”, aposta.
| Resibras aguarda definição de regras ACompanhia Brasileira de Resinas (Resibras), processadora de castanha de caju, sediada em Fortaleza, tem interesse em aumentar sua relação comercial com o Vietnã. Atualmente, a empresa já mantém parceria com aquele país na aquisição de castanha e óleo de caju, para atender seus clientes externos. De acordo com Antônio Lúcio Carneiro, proprietário da Resibras, a intenção é ampliar esse intercâmbio em outras commodities, como café. Lúcio Carneiro, porém, afirma que será preciso que o Vietnã defina regras claras para que o intercâmbio possa ser elastecido. Hoje, o país não faz parte da Organização Mundial do Comércio (OMC), dificultando a garantia da adoção de regras internacionais de comércio. Uma das trocas que poderiam acontecer entre a Resibras e os vietnamitas é quanto à tecnologia no beneficiamento da castanha de caju. Apesar de ser o segundo maior produtor no mundo, eles não contam com tecnologia de ponta, diferente do Brasil. O proprietário da Resibras afirma que a vinda do embaixador vietnamita ao Ceará foi um passo importante no sentido de se aprofundar o intercâmbio. Ele considera que foram abertos canais, com a FIEC e o governo do Estado, para que os entraves sejam superados. “No momento, estamos abrindo um canal diplomático, analisando o ambiente macroeconômico, a legislação vietnamita e buscando interessados em manter a posição de parceria permanente”, ressalta. Exportações As exportações cearenses para o Vietnã começaram apenas em 2002. Naquele ano, foram vendidos US$ 58.100, ficando o Estado, todavia, com saldo negativo na balança comercial de US$ 138.205. Nos dois anos seguintes, o Ceará não exportou nada para o Vietnã. De 2002, até agora, vendemos cerca de US$ 213 mil e importamos US$ 71 mil, o que indica saldo positivo de US$ 142 mil. Toda a nossa pauta se resume a castanha de caju, fresca ou seca, sem casca. O Vietnã é o segundo no ranking mundial dos mercados produtores de castanha de caju, utilizando atualmente tecnologia do cajueiro anão precoce “importada do Brasil”, devendo processar 350 mil toneladas neste ano – 320 mil toneladas próprias e 30 mil importadas da Indonésia e da África. A liderança nesse mercado é da Índia, com 700 mil toneladas de castanha in natura, sendo 350 próprias e 350 importadas de países da África. No Brasil, terceiro colocado, a previsão é de 300 mil toneladas na safra que se inicia em setembro. “ Em torno de 80% do consumo mundial da amêndoa de castanha de caju fica nos Estados Unidos, mas existem vários mercados emergentes em condições de consumir o produto, caso do Oriente Médio, o mais promissor”, diz Eduardo Bezerra. De acordo com superintendente do CIN, o mercado em potencial do Vietnã é o mesmo do Brasil, “com a vantagem que eles estão mais perto”. Fonte: FIEC (Clique aqui !) |
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